quarta-feira, 17 de junho de 2009

Esquerda convoca Congresso Popular Unitário no Paraguai!

Movidos pelo compromisso e a necessidade de avançar no processo de mudanças e aprofundamento da democracia convocamos todas as forças do campo popular para participar do congresso que se realizará no próximo 19 de junho na cidade de Assunção.


A vitória do 20 de abril representa um grande avanço para nosso povo posto que pela primeira vez uma maioria votou por um programa que contempla transformações básicas, urgentes e necessárias para avançar à verdadeira democracia com justiça social. Neste sentido, o programa que triunfa com Lugo não é liberal nem colorado, senão o resultado de um processo de lutas do movimento popular e, por tal motivo, seguiremos lutando, cada vez mais unidos por sua realização. O Presidente Fernando Lugo tem a tarefa de cumprir com os pontos de seu programa de governo, que guardam relação com as reivindicações históricas de nosso povo, e este fato nos leva a assumir com responsabilidade, protagonismo, unidade e patriotismo, nossa tarefa pelo desenvolvimento e a realização das mudanças necessárias e urgentes para dignificar a vida de milhões de paraguaias e paraguaios.


Os setores que até hoje seguem mantendo seu poder e seus privilégios, os que não pensam nem sentem com espírito patriótico sua condição de paraguaios, se empenham em travar o avanço das mudanças favoráveis à maioria, do Poder Judiciário ao Poder Legislativo e também alguns espaços do Poder Executivo, enganando e conspirando em cumplicidade com os empresários, latifundiários e mafiosos parasitas, mal chamados “produtores”, para seguir divertindo-se e gozando de um nível de vida que dá mostras de seu ausente sentido patriótico e seu desprezo total frente à maioria de nosso povo, que se debate entre a miséria e a morte.

Frente tal situação, com as organizações políticas e sociais democráticas, populares, progressistas e de esquerda, decidimos dar continuidade aa nossas lutas de maneira unitária e autônoma, para construir um futuro solidário, honesto e patriótico no qual todos os habitantes do país possam desenvolver com liberdade suas capacidades.


Para levar a cabo esta histórica e nobre tarefa, pleiteamos a unidade, a unidade e outra vez a unidade como princípio irrenunciável, tendo em conta que os inimigos do projeto libertador, apesar de minoritários, seguem mantendo muito poder econômico e militar, assim como também contam com todo o aparato de imprensa e com o sistema educacional para seguir enganando e assim acumular em detrimento da maioria.


Companheiras e companheiros, nossa unidade, a defesa da soberania, o aprofundamento da democracia, a reforma agrária e de renovação da justiça, são elementos que, combinados com a nossa independência e nossa capacidade de mobilizar, conseguirão traçar um caminho que aglutinará todo o povo paraguaio para a sua libertação.

Nosso Congresso Popular Unitário será a base de uma poderosa unidade popular que assumirá a construção desse novo Paraguai pelo qual tanto têm lutado milhares de compatriotas ao longo da história, o que só pode ser realizado com um movimento popular unido, organizado, independente e em alerta permanente.



Lutando, forjando o poder popular!


Em 20 de abril de 2008, uma grande maioria do povo paraguaio votou pela mudança. No entanto, setores conservadores estão empenhados em nos fazer acreditar que o verdadeiro significado de "mudança" é apenas uma alternância no governo entre os partidos do sistema.

A mudança pela qual votou essa grande maioria popular em 20 abril vai muito além de uma simples mudança de governo, estamos seguros de que marcou o início do fim de um processo de dominação de sessenta anos, dirigido pelo Partido Colorado.


A partir dessa nova situação, começa a se abrir um cenário de disputas entre aqueles que se opõem a um processo de transformações e os que apostam na luta contra a corrupção e a impunidade, pela recuperação da soberania energética, de nossos recursos naturais e de nosso patrimônio cultural, pela implementação da reforma agrária integral, pela recuperação econômica com inclusão social e pelo aprofundamento da democracia com ampla participação popular para reorganizar o Estado a serviço do desenvolvimento nacional e dos interesses de nosso povo.


Há nove meses do início do governo de Fernando Lugo e apenas com o anúncio de que estas questões fazem parte das demandas populares, a oligarquia e o conjunto da direita têm lançado uma campanha que visa associar as forças progressistas e socialistas com um projeto autoritário, golpista e antidemocrático. Notadamente, quem toma parte e impulsiona estas campanhas integra a mesma direita que tem apoiado e/ou tomado parte dos golpes militares, ditaduras sangrentas e enormes desvios de dinheiro do povo, ao longo de toda a história do nosso país.


Quem encoraja conspirações e processos políticos não têm outro propósito que não seja impedir o cumprimento das expectativas de transformação de nosso povo, porque sabem que é o primeiro passo para resolver as grandes mudanças estruturais de que o país necessita.

São os mesmos grupos da oligarquia e da burguesia corrupta que têm sido favorecidos por um corrupto modelo que beneficiou a impunidade de grupos mafiosos, o enriquecimento fraudulento, amparou os bancos e financeiras a serviço da pior especulação; também os latifúndios - símbolos do não desenvolvimento e do poder da oligarquia - e a chamada "cultura corporativa", que usa e destrói nossos recursos naturais sem qualquer desenvolvimento social!

São aqueles que nunca respeitaram os direitos dos trabalhadores. São aqueles que utilizaram os programas de saúde e educação como bandeira do populismo e o eleitoralismo miserável e indigno.


É sabido que o problema do poder é o problema principal de todo processo de transformação, de mudança revolucionária. Temos a amarga experiência que em nosso país, desde a destruição do Paraguai independente pela Guerra da Tríplice Aliança, o poder sempre esteve nas mãos de uma minoria servil aos interesses estrangeiros. O povo foi excluído e os paraguaios foram relegados em sua própria terra.


O Paraguai precisa avançar para mudanças profundas, um processo que só pode ser alcançado com o empurrão das forças populares, patrióticas e democráticas. Isto exige a unidade das mais amplas forças sociais e políticas em torno de um programa que proponha avançar para uma mudança real e verdadeira.


Este grande espaço de unidade que começa sobre pontos de coincidências fundamentais está disposto a desenvolver uma luta política contra a direita e os setores conservadores que se opõem à mudança ou buscam uma mudança de fachada para não tocar nos grandes privilégios e nas estruturas injustas vigentes. Essa direita está nas direções políticas dos partidos tradicionais e de todos aqueles que representam os interesses da oligarquia e são fiéis e submissos aos ditames do grande império.


Este Congresso é o resultado de grandes lutas e experiências do nosso povo, é a maturação de um longo processo que tirou a vida de muitos lutadores pela democracia e os interesses do povo. Este Congresso é um ponto culminante que mostra não só um avanço quantitativo, mas também cria condições favoráveis para a consolidação da unidade sobre um programa que propõe lutar por um governo para a grande maioria da sociedade, um governo para derrotar os interesses do grande capital local e internacional, que impedem o desenvolvimento nacional; um governo dos trabalhadores, camponeses e todo o povo.


No entanto, os objetivos de médio e longo prazo estão sendo desenvolvidos em cada conjuntura. A principal tarefa de hoje é a de exigir a cumprimento daqueles pontos essenciais do programa com que Fernando Lugo se comprometeu com nosso povo e do qual até agora tem feito pouco ou quase nada. Afirmamos que nenhum desses itens serão levados adiante com base em acordos ou pactos com setores conservadores, sejam estes opositores ou oficiais. As grandes mudanças serão resultado da ativa participação cidadã e popular.


Afirmamos também que o processo que se iniciou em 20 de abril é independente deste ou de outro governo. É por isso que as maiorias populares estão dispostos a defender e avançar com um profundo programa de mudanças, que vai avançar com a unidade, mobilização, luta popular e democrática.


Em 20 abril, abriu-se uma profunda crise de liderança entre os conservadores. É necessário reorganizar todos as nossas forças políticas, sociais e populares para convocar para este espaço unitário de todas as forças dos trabalhadores, os camponeses, indígenas, jovens, estudantes, mulheres, profissionais, intelectuais, para impulsionar nossas lutas unitárias em torno dos seguintes pontos:


- A luta contra a corrupção e a impunidade necessariamente vai promover uma reforma radical do Poder Judiciário e da Procuradoria Geral do Estado. Para tanto, o primeiro passo é promover a substituição dos membros do Supremo Tribunal de Justiça, do auto-proclamado "imutável", justamente um dos mais desacreditados poderes do Estado ante aos cidadãos. A máfia e os setores que se opõem às mudanças se protegem e se sustentam em toda a estrutura corrupta do poder judicial.


- A reforma agrária é a alavanca para produzir a grande mudança estrutural no Paraguai, empurrando a reestruturação da propriedade da terra e da produção com base num plano estratégico para a industrialização que, por sua vez, represente uma ruptura com o padrão de dependência que permitiu a apropriação de nossos recursos naturais pelos grandes monopólios desde o fim da guerra de 1870.


- A recuperação da soberania é absolutamente necessária para o avanço da estratégia de grandes mudanças. Os tratados entreguistas de Itaipu e Yasyreta, além de serem uma pilhagem imperial, têm prejudicado a dignidade do nosso povo e da região, que pretende avançar num processo de integração baseado no respeito e soberania. Os nossos recursos naturais, principalmente na agricultura, estão nas mãos dos setores empresariais – majoritariamente estrangeiros – que procuram somente o lucro, destroem o meio ambiente e promovem o êxodo rural resultando no desaparecimento da agricultura familiar.


Nesta marcha pela dignidade e libertação de nosso povo, pela nossa segunda e definitiva independência, vamos organizar-nos comunidade por comunidade, cidade por cidade, estado por estado, para construir uma verdadeira democracia com participação popular.


Assinam a convocatória do Congresso Popular Unitário:

Partido Popular Tekojoja, Partido Comunista Paraguayo, Partido Convergencia Popular Socialista, Partido del Movimiento al Socialismo, Frente Social y Popular, Frente Patriótico y Popular, Espacio Unitario de San Pedro, Espacio Unitario del Alto Paraná, Espacio Unitario de Misiones, Espacio Unitario de Caaguazú, Espacio Unitario de Caazapá, Espacio Unitario de Guairá, Espacio Unitario de Ñeembucú.

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