quinta-feira, 8 de março de 2012

A LUTA DAS MULHERES É PARTE INTEGRANTE DA LUTA DE CLASSES


A comunista alemã, Clara Zetkin, no II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas, em Copenhagen (1910), propõe a existência de uma data para a lembrança/comemoração das lutas das mulheres. A data nos remete às operárias têxteis de Nova York (EUA) que em 1857 em função das greves por igualdade salarial e melhores condições de trabalho para homens e mulheres, foram mortas, por intolerância patronal, em um incêndio na fábrica na qual trabalhavam. Também remete às trabalhadoras russas, que contribuíram com a revolução soviética, em suas campanhas pelo direito ao voto, contra as discriminações, a fome, a guerra, a exploração entre os anos de 1911 a 1917.

As mulheres trabalhadoras organizadas vão, ao longo da história, construindo na luta essa data – O Oito de Março – desde 1921/1922, (reconhecida oficialmente pela (ONU apenas em 1975) já que a dominação e exploração sobre as mulheres é um processo que assumiu, como assume, diferentes formas ao longo da história da humanidade. Para nós do ANA MONTENEGRO a questão central, aquela que guia nossas análises, é a exploração do trabalho assalariado, o não pleno emprego, a não aceitação da demissão imotivada, em síntese, a contradição capital-trabalho.

A crise econômica mundial, sistêmica no capitalismo, atinge sobretudo as mulheres, com suas precárias relações de trabalho, com a violência, pelo assédio no ambiente de trabalho em função das relações assimétricas de poder postas pelo capitalismo, nas guerras de rapina de recursos naturais, e, claro, com a sobrecarga de responsabilidades não socializadas com a casa e família. Não há perspectivas para as mulheres nos marcos do capitalismo para a questão de classe e de gênero, porque o modo de produção não se limita a atividade econômica imediata, atingindo a vida social, o modo de existência do cotidiano das mulheres.

Hoje está escancarando o caráter de classe do Estado brasileiro: com o ciclo burguês plenamente consolidado, já parte, aliás, do processo de acumulação mundial e integrante do sistema capitalista do mundo, não há como iludir-se com bandeiras de lutas que apontem por reformá-lo. O movimento de mulheres burguês atrasa as lutas das trabalhadores e ajuda a aprofundar o processo de exploração.

O Estado brasileiro,atua na perspectiva da manutenção da ordem capitalista. De outra forma, como entender o Cadastro Nacional de Gestantes para controlar as mulheres que engravidam? A não legalização do aborto, a não construção das prometidas creches? Os acertos econômicos e financeiros, com a maioria dos países da América Latina, e ainda que de forma tímida, também com os europeus, sempre tendo à frente, multinacionais brasileiras? A ocupação do Haiti? A concessão, nos meios de comunicação, de verdadeiros impérios fortalecedores da dominação ideológica do país, que insistem em não retratar, em não dar voz, às mulheres brasileiras?

O imperialismo atinge todos os povos, homens e mulheres, com guerras, ameaças, e principalmente saqueando as riquezas naturais dos países periféricos e emergentes, daí a necessidade do exercício do internacionalismo proletário, com a nossa solidariedade às mulheres do mundo contra a opressão, especialmente do Haiti, da Palestina, da Somália, do Sahara Ocidental, ao povo grego e irlandês que bravamente lutam contra a crise do capital, e a Cuba que continua sofrendo os embargos econômicos impostos pelos EEUU. Definitivamente o capitalismo não oferece solução aos problemas da humanidade pelo seu grau de concentração de riquezas.

As feministas queremos a construção de uma sociedade livre da exploraçãodo trabalho pelo capital, em um estado laico. Na luta de classes deve-se levar em conta suas demandas específicas: direito a uma vida sem violência, com moradia digna e reforma agrária, o fim da mercantilização do corpo da mulher, prevenção e atenção à saúde integral da mulher com a legalização do aborto, o pleno emprego e a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, a não demissão imotivada, a socialização do trabalho doméstico com a criação de espaços como restaurantes e lavanderias públicas e creches de qualidade, medidas que promovam a conscientização e participação política das mulheres, desmascaramento dos processos de higienização social que ocorrem no país ditados pelos interesses capitalistas (escondidos sob falsas campanhas gigantescas, como shows pirotécnicos, copas esportivas, lutas contra as drogas ou simplesmente especulação imobiliária) nos quais o Estado afasta de forma brutal e violenta as mulheres de suas casas, pelo ensino público de qualidade, não sexista, não racista e não homofóbico, e políticas públicas efetivas de não violência contra a mulher.

Queremos e formaremos com as feministas revolucionárias um bloco histórico, a partir da unidade de ação, respeitando os ritmos e cultura de cada organização, buscando avançar na realização do poder popular, na construção de uma hegemonia econômica, política, cultural, filosófica e moral, enfim, uma verdadeira contra hegemonia ao modo de produção e de vida capitalista, criando condições de luta pelo fim da exploração e opressão sobre as mulheres, sobre a humanidade.

Ousar lutar, ousar vencer!

Fonte: Partido Comunista Brasileiro

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