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O partido “comunista” do Brasil passou dos limites, em sua tarefa de desmoralizar a palavra COMUNISTA e confundir as massas.
Iludem-se os que pensam que esse partido
vai mudar de nome, só porque já não o merece. A palavra COMUNISTA, no
nome deste partido, é funcional aos que dela se aproveitam para tentar
legitimar os interesses do capital com uma máscara cada vez mais
desbotada.
Como se não bastasse esse partido
presidir os leilões do nosso petróleo; como se não bastasse elaborar um
novo Código Florestal para servir aos interesses do agronegócio; como se
não bastasse comandar eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas na
lógica de capturar mais ainda o esporte como mercadoria capitalista,
afastar o povo dos estádios, expulsar as comunidades pobres dos locais
onde passarão os turistas estrangeiros; como se não bastasse tudo isso e
mais as coligações espúrias na lógica da fome de cargos e de dinheiro a
qualquer custo, o chamado PcdoB acaba de renegar sua própria história e
seus próprios heróis.
Na semana passada, o deputado
“comunista” Aldo Rebelo, depois de ter perdido a eleição para o
“progressista” cargo de Ministro do Tribunal de Contas da União (apoiado
pela direita e os ruralistas), ultrapassou todos os limites da decência
e da dignidade. Na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da
Câmara, votou com o sinistro fascista Jair Bolsonaro contra o projeto
da Deputada Luiza Erundina, que defendia a revisão da Lei da Anistia, de
forma que fossem julgados os militares que torturaram e assassinaram
militantes que lutaram contra a ditadura, inclusive dezenas de valorosos
ex-membros de seu próprio partido.
Para não perder cargos no governo, o partido comunista de mentira quer esconder a verdade sobre a ditadura.
Temos, no PCB, muitas divergências com o
PCdoB, fundado em 18 de fevereiro de 1962, inclusive em relação à
Guerrilha do Araguaia, que consideramos um grande erro por tentar
transpor mecanicamente para o Brasil uma forma de luta que foi adequada à
realidade chinesa, uma receita de revolução do campo para a cidade,
quando a classe operária urbana já tinha importante protagonismo em
nosso país, acentuando a contradição entre o capital e o trabalho. Mas
os heróis do Araguaia merecem a homenagem do PCB. Eram verdadeiros
COMUNISTAS.
Aldo não é um deputado avulso; vota no
que determina seu partido. Votando no parecer de um deputado do DEM e
não na emenda de Luiza Erundina, o partido de Aldo poderia até não se
envergonhar por perdoar os assassinos de seus heróis, mas não tinha o
direito de absolver os assassinos de todos os outros militantes
torturados e desaparecidos na ditadura, como os do PCB e de outras
organizações revolucionárias que, com formas de luta diferentes,
enfrentaram a ditadura burguesa-militar que assolou nosso país.
Reparem na triste foto que aqui
exibimos, que fala mais do que estas palavras. Reparem como o esguio
deputado “comunista” se apequena, se encolhe, se esconde, exatamente
quando Luiza Erundina argumenta que a mudança da Lei de Anistia é um
imperativo de sentença da Comissão Interamericana de Direitos Humanos
que - julgando processo instaurado exatamente por familiares dos heróis
do partido de Aldo - considerou o Estado Brasileiro responsável pelo
desaparecimento dos militantes do Araguaia, movimento que o atual pcdob
tratava até recentemente como o feito mais glorioso do PCdoB original e a
própria razão de sua criação.
Repudiamos a ignomínia desse deputado e
de seu partido que se diz comunista. Não descansaremos enquanto não
descobrirmos a verdade e fizermos justiça em relação à tortura e o
desaparecimento dos heróis do povo brasileiro, inclusive dos que foram
enterrados pela segunda vez, agora por seu próprio partido.
PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional – outubro de 2011
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