terça-feira, 30 de junho de 2009

Honduras: Qualquer semalhança, será mera coincidência?

Durante a madrugada o presidente é seqüestrado, levado para outro país. O exercito ocupa o palácio presidencial, o canal estatal é fechado, os canais privados, toda manhã, passam desenhos animados. Venezuela, 11 de abril de 2002; Honduras, 28 de junho de 2009. Qualquer semelhança, será mera coincidência?

Nesse domingo, o povo hondurenho iria às urnas para uma consulta popular. Eles decidiriam se, nas eleições presidenciais que ocorreriam em dezembro, seria acrescentado um plebiscito para realizar uma Assembléia Constituinte ou não. Era um plebiscito para aprovar outro plebiscito, ou seja, ainda haveria outra votação para poder aprovar a assembléia que realizaria mudanças na Constituição.

Na terça-feira o Congresso aprovou uma lei que proíbe a realização de referendos ou plebiscitos 180 dias antes ou depois de eleições gerais, o presidente Manuel Zelaya declarou “A corte, que apenas faz justiça aos poderosos, ricos e banqueiros, só causa problemas para a democracia.” e que o plebiscito seria mantido. Isso foi o suficiente para o Exercito se declarar “forçado” a “prender” o presidente.

Após o golpe militar, se cortou a eletricidade e o serviço telefônico em diversos pontos da cidade. A ministra de relações exteriores de Honduras entra em contato com o Embaixador dos EUA no país e esse não atende. Algumas horas depois o presidente Manuel Zelaya fala, ao vivo, direto da Costa Rica, por celular, para o canal Telesur narrando o seu seqüestro.

Pela manhã, presidentes começam a se pronunciar a respeito. Evo Morales declarou repúdio ao golpe classificando- o como um atentado a democracia e ao povo e fez um chamado aos presidentes da América Latina e aos líderes de movimentos sociais que “condenem e repudiem o golpe de Estado militar em Honduras.” Chávez ressaltou a importância do povo nesse momento, pediu que Obama se pronunciasse a respeito e chamou todos a se concentrarem em frente ao Palácio Miraflores, em Caracas, para um ato em apoio ao povo hondurenho. A União Européia, através de declaração do ministro de Assuntos Exteriores da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, pediu a restituição do presidente Manuel Zelaya. O presidente Obama se limitou a pedir que fossem respeitadas as “normas democráticas”, sem dizer ao que se refere, já que os golpistas afirmam que se moveram contra um plebiscito ilegal.

O povo começa a ir para as ruas. Nas cidades do interior, a repressão é maior, na capital, bombas de lacrimogêneo são lançadas para afastar manifestantes do palácio presidencial. Patricia Rodas, a ministra de relações exteriores de Honduras, e os embaixadores de Cuba, Venezuela e Nicarágua são seqüestrados. OEA chama reunião extraordinária para discutir o assunto. O governo brasileiro se pronuncia em repudio ao golpe.

Domingo, 28 de junho de 2009, dez horas da noite – horário de Caracas – o presidente Manuel Zelaya está a caminho de Manágua, capital da Nicarágua, Chávez e Rafael Correa já o esperam lá. Tegucigalpa, capital de Honduras continua sob o domínio dos militares golpistas. Assim, seguimos na expectativa do desenrolar dos fatos. Mais uma tentativa de golpe na América Latina, não, não é mera coincidência. Honduras acabava de entrar na Alba – Alternativa Bolivariana para as Américas – tratado entre países Latino-americanos para colaboração mútua que possui países de orientação de esquerda como Cuba, Venezuela, Equador e Bolívia. Os militares seguiram o mesmo modelo de golpe utilizado já outras vezes. E mais uma vez os meios de comunicação cumpriram seu papel de agir como se nada estivesse acontecendo, afinal a morte de Michael Jackson ou a maravilhosa virada da seleção brasileira dão bem mais audiência.

Bruna Menezes – Caracas /Venezuela – tentando informar

Nenhum comentário:

Postar um comentário